Sábado da Letra - Corpo, fenômeno e sintoma

Sábado da Letra - Corpo, fenômeno e sintoma

Corpo, fenômeno e sintoma.

Em 1963 Lacan empregou a expressão “zona de relação do acting out” para se referir a condições em que o (-φ) como determinante é disfuncional. Ou seja, casos em que a dimensão imaginária da falta está disfuncionalmente estruturada. Para o sujeito, é como se o vazio recortado pelo falo enquanto ausente, enquanto falta, pudesse se manifestar imaginariamente como habitado. Esse malfeito e seu corolário dão origem ao que Lacan chamou de “fenomenologia da angústia”, ou fenomenologia de borda. A borda em questão entretanto, diferentemente do que se possa supor ingenuamente, não é a fronteira que presumidamente separaria uma posição psicótica de uma neurótica, por exemplo, mas a borda do espelho.

Enfrentar esse enigma lança luz sobre os fenômenos clínicos que habitualmente irrompem no real como mostração daquele tropeço imaginário. Mostração que se dá na superfície do corpo tórico, no invólucro que o reveste, e nos órgãos a ele ligados. Ai se inscrevem, entre outros, os fenômenos psicossomáticos, que não são metáforas de nada, e que portanto não pertencem à ordem do sintoma.

Entre fenômeno e sintoma, entre o mal estar na cultura com seu preço a pagar - e o pior, destino de quem estaria excluído desse mal estar- como se diz por aí, o corpo que lute! E haja analista que o escute.

Angela Valore

*Evento realizado na PUC de Londrina no dia 08/06/24.

 

 

 

por: Letra - Associação de Psicanálise